O carvalho-português
Assim como os demais carvalhos, produz a bolota ou landra como fruto, que é usada como alimento por vários animais, como o javali, o esquilos, que muitas vezes as enterram e se esquecem, acabando por ser plantadores naturais da espécie, responsáveis em grande parte pela sua disseminação, onde se destaca o gaio, os humanos usavam-na na alimentação e ainda se faz pão, licores entre outras receitas.
São árvores que atualmente predominam no Centro Oeste de Portugal, embora outrora a sua existência tenha sido mais vasta, indo até à Serra de Odemira.
Não é certo que forme bosques estremes, pois encontra-se normalmente associada ao sobreiro, e estende-se para Espanha.
O Carvalho Português é praticamente desconhecido por muitos Portugueses, dominava outrora carvalhais extensos e cerrados, que davam alimento e abrigo a uma miríade de seres vivos. Hoje, está reduzido a pequenos redutos na Serra da Arrábida, Serra de Montejunto, Serra de Sintra, isoladamente ou em pequenos núcleos na zona Oeste de Portugal e muito raramente a Sul, na margem de ribeiras, em taludes e sebes vivas (daí o seu nome), São Luís e Odemira. Desta forma, a sua extensão territorial é limitada, está entre os carvalhos de folha caduca do Norte e interior do País como o Carvalho Negral e o Roble, e o Sobreiro e a Azinheira do sul, de folha perene.
Assim, o cerquinho tem a folha marcescente, uma folha que não cai até nascerem novas folhas.
Desta forma conseguimos distingir um cerquinho pela sua cor amarelada e acastanhada no Outono e Inverno e verde clara na Primavera. Uma das a características que mais se aprecia no cerquinho, é que como é uma fagácea, não tem desenvolvimento apical acentuado, isto é, o gomo apical não é dominante, como na maioria das árvores de crescimento rápido, onde o ramo cimeiro desenvolve substâncias que inibem o crescimento dos ramos inferiores e assim desenvolve-se mais, e a árvore apresenta uma forma colunar, piramidal, etc. No carvalho, todos os gomos crescem de forma similar o que origina ramos
tortuosos que parece que serpenteiam e fazem formas tão bucólicas e belas.
É uma árvore que permite a coexistência de outras espécies vegetais e um variado subcoberto que servem de abrigo e alimento a muitas espécies animais, daí que constitua um habitat protegido pela Diretiva Habitats.
Um carvalho pode viver centenas de anos, e serve de abrigo a muitas espécies de animais, as suas bolotas dão alimento a muitas espécies.
Nas sebes vivas que dividem os terrenos agrícolas e nas margens dos caminhos e estradas do centro do país, um olhar atento sempre descobre um ou outro Carvalho Cerquinho, e alguns terrenos abandonados que ainda preservam a fonte genética do cerquinho tendem a evoluir e a recuperar naturalmente, no entanto estes redutos são progressivamente destruídos pela ocupação humana e mais recentemente pela monocultura do eucalipto.
Assim, o coberto vegetal mais desenvolvido que outrora existia na região Centro-Litoral, entre Figueira da Foz e Odemira, eram os bosques de Carvalho Português. Uma mata que era o culminar de um série vegetal progressiva, desde o arrelvado, ao mato rasteiro, mato alto, e por fim a mata mediterrânica com alguma influência atlântica, liderada pelo Cerquinho, em comunhão com outras árvores e arbustos como o Zambujeiro , o Sobreiro, o Medronheiro, o Carrasco que aparece mais frequentemente nas serranias calcárias, o folhado, a Sorveira, a Aroeira, o Aderno Bastardo, o Loureiro, o alecrim, e espécies arbustivas mais pequenas como o Quercos lusitânica entre muitos outros, não esquecendo as lianas como a salsaparrilha-bastarda, a aromática madressilva.
Em termos de utilização, a madeira do carvalho foi outrora muito utilizada para a construção naval (umas das razões para o seu declínio) e carpintaria, ainda hoje é utilizada na construção de pipas e barris, visto que liberta muitas substâncias como os taninos e corantes naturais, o que, para além de dar uma melhor cor e aroma ao vinho, faz diminuir a graduação alcoólica.